Vôo nova asa

2 comentários:

  1. Quando minha viagem para o Rio de Janeiro foi marcada (fui pro rio dia 24 e voltei dia 28 de Abril desse ano), decidi na hora que aproveitaria essa chance para realizar uma das minhas grandes vontades: voar de asa-delta, não importa o quanto custasse.

    Bom, a primeira coisa a fazer foi ligar para a Associação Brasileira de Vôo livre. Os caras não sabiam informar nada:

    - Oi, poderia dizer quanto mais ou menos custa?
    - Nos não temos essa informação, varia muito.
    - E vocês poderiam me conseguir o nome de alguns instrutores autorizados aqui do RJ pra eu ligar pra eles?
    - Nós não temos essa lista.

    Depois dessa desanimadora ligação, na qual me fez crer que essa associação é um lixo e não serve pra nada, procurei uma agência de viagem (na realidade meu pai procurou para mim). Uma vez encontrada, finalmente tive todas as informações. Custava 250 reais. Mais absurdos 50 para fotos. Paguei apenas pelo vôo, sem fotos.

    Entrei no transporte que me levaria a São Conrado, na praia do pepino, tudo já incluido no preço. Chegando lá, conheço o carinha que vai voar comigo no meu vôo duplo. Ele pede pra eu esperar um pouquinho enquanto desmontavam a asa delta dele pra poder botar ela no carro e subir a pedra bonita, morro com 500 metros de altura, lugar onde ocorrem as decolagens.



    Durante essa pequena espera, percebo que meu instrutor vai para um barzinho falar com alguém. Me pergunto se ele estava indo lá para beber uma cervejinha, mas aparentemente não foi o caso. Enquanto isso assisto a alguns pousos de outras asas. E vejo a altura ao qual elas chegam. Começo a ficar um pouco receosa, mas já tinha pago e já estava ali.

    Após isso, sou obrigada a assinar um documento no qual concordava em abdicar de vários direitos em caso de alguma falha. Ou seja, qualquer ferimento mortal ou não, não era responsabilidade do piloto. Isso começa a me assustar um pouco mais. Mas sigo em frente, mesmo que ainda meio impressionada.

    Poucos minutos depois o instrutor me chama. Entro no carro. O instrutor no banco do motorista, eu no banco ao lado, e um terceiro homem no banco de trás. Durante a subida pelas ruelas sinuosas da pedra bonita, percebo que meu motorista não colocou o cinto de segurança, requisito básico de segurança quando se trata de dirigir carros. Será que ele esquecia os requisitos básicos quando voava de asa-delta também? Fico mais impressionada : P

    Depois de uns minutos subindo e apreciando a floresta da Tijuca, percebo que o homem que estava no banco de trás não trocou nenhuma palavra tanto comigo quanto com o instrutor. Nisso, começo a me perguntar se o cara não seria uma espécie de shinigami em forma de carioca, apenas esperando para escrever nossos nomes no seu Death note, e por algum motivo, eu estava enxergando ele.

    Ao chegar lá no topo, percebo que na realidade, o moço era o cara que iria depois levar o carro de volta para praia (já que o instrutor chegaria na praia via asa delta comigo).


    Não sou eu na foto, mas da uma idéia da altura

    Uma vez no cume, evito visualizar a rampa de decolagem, já que de longe ela já parecia suficientemente assustadora. Após a montagem do equipamento, inicia o curto treinamento: o meu acompanhante de asa-delta pedia para por a mão no ombro dele e sair correndo quando ele avisasse. Eu deveria continuar correndo sempre, olhando para o horizonte, e de forma nenhuma parar ou travar quando estivesse no fim da rampa, pois isso poderia levar a algum acidente.

    Coloco a roupinha especial e demais equipamentos, e pergunto para o instutor se tá tudo bem amarradinho. Ele diz que sim sem dar muita bola, afinal, todo viajante de primeira viagem deve fazer esse tipo de pergunta.

    Como de praxe, parte da roupinha era um capacete. Eu sempre me pergunto qual a moral, uma vez que se ocorrer um acidente, ele definitvamente não vai salvar minha vida. Acho que o motivo de usar ele deve ser o mesmo pelo qual os kamikazes usavam.

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  2. Não é desse kamikaze que estou falando

    Chega minha vez. dou a corridinha pela rampa inclinada e pá: relembro Rose DeWit Bukater falando I’m flying Jack.

    Depois da decolagem, o vôo é super tranquilo, a asa delta voa lentamente pelo céu, numa velocidade de mais ou menos uns 40 Km/h. Um vento agradável no rosto, uma vista linda e uma altura imensa. Dá uma adrenalina e tal, mas nada parecido com uma montanha-russa por exemplo, não é aquela coisa de frio na barriga. Parecia um teleférico super alto mas com mais liberdade : P

    Logo aconteceu o pouso. E quando digo logo, não estou brincando. O vôo foi super rápido, algo entre 5 e 10 minutos. Um pouco antes de pousar, o instrutor soltou uma cordinha para meus pés ficarem livres para o pouso. Só que essa parte é meio assustadora porque a gente nunca fica tranquila com uma cordinha sendo desamarrada a alguns bons metros de altura : P


    Voltando com os equipamentos

    Esquecendo a dengue e voltando a asa-delta, recomendo o passeio pra todo mundo. Vale os 250 reais, é seguro e inesquecível.

    Momento cultural: Descobri que asa delta em inglês não é wing delta, é hang gliding

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